Sistemas de vida indígenas y positivización constitucional en América Latina: superación de la colonialidad jurídico-política, luchas y prácticas de los bienes comunes

AuthorFernando Antonio de Carvalho Dantas
PositionUniversidad Federal de Goiás (UFG)
Pages25-40
Revista inteRnacional de Pensamiento Político - i ÉPoca - vol. 16 - 2021 - [25-40] - issn 1885-589X
25
SISTEMAS DE VIDAS INDÍGENAS E
POSITIVAÇÃO CONSTITUCIONAL NA
AMÉRICA LATINA: SUPERAÇÃO DA
COLONIALIDADE JURÍDICO-POLÍTICA,
LUTAS E PRÁTICAS DO COMUM
INDIGENOUS LIFE SYSTEMS AND CONSTITUTIONAL
POSITIVIZATION IN LATIN AMERICA: OVERCOMING LEGAL-
POLITICAL COLONIALITY, STRUGGLES AND COMMON
PRACTICES
Fernando Antonio de Carvalho Dantas
Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiás, Brasil
fdantas@ufg.br
Recibido: junio de 2021
Aceptado: septiembre de 2021
Palavras-chave: Direito indígena, Constitucionalismo Latino-americano, Filosofia, Libertação.
Keywords: Indigenous law, Latin American Constitutionalism, Liberation philosophy.
Resumo: Este artigo trata dos processos culturais e sócio-político-jurídicos da
negação dos direitos dos Povos Indígenas latino-americanos. O direito monista
como produto cultural ocidental destruiu vidas, práticas, institucionalidades e
pensamentos diferenciados hegemonizando cosmovisões e epistemes coloniais.
Movimentos críticos orientados pela ação da reflexão desvelaram essas violên-
cias institucionalizadas, desencadeando processos de constitucionalização mul-
ticultural, pluricultural e plurinacional que positivaram modos de ser, conhecer
e agir comunitários dos pluriversos sistemas de vida indígenas de base no bem
viver (sumak kawsay, suma qamaña e ñandereko). O Novo Constitucionalismo
Latino-americano recupera o caráter democrático e libertador dos direitos.
Abstract: This article deals with the cultural and socio-political-juridical processes
of the denial of the rights of Latin American Indigenous Peoples. Monist law
as a Western cultural product destroyed lives, practices, institutionalities and
differentiated thoughts, hegemonizing colonial cosmovisions and epistemes.
Critical movements guided by the action of reflection unveiled these
institutionalized violences, triggering processes of multicultural, pluricultural
and plurinational constitutionalization that positiveized ways of being, knowing
and acting in the community of the “pluriverses” indigenous life systems based
Revista inteRnacional de Pensamiento Político - i ÉPoca - vol. 16 - 2021- [25-40] - issn 1885-589X
26
on good living (sumak kawsay, suma
qamaña and ñandereko). The New
Latin American Constitutionalism re-
covers the democratic and liberating
character of rights.
1. Introdução
A proposta deste artigo é realizar uma
reflexão inicial, portanto, não acabada,
sobre os processos culturais e sócio-
político-jurídicos que invisibilizaram, ne-
garam, desvelaram e reconheceram, na
realidade latino-americana, a existência
concreta e os direitos dos “Povos Indíge-
nas”. Os direitos são “produtos culturais”
na perspectiva de Joaquín Herrera Flo-
res (2005) e a cultura jurídica ocidental,
fundada e abstratamente absolutizada no
monismo jurídico, tornou-se universal nos
movimentos coloniais e colonizadores. Ele
destruiu vidas e pensamentos. A racionali-
dade colonial permanece como “coloniali-
dade” do ser, do conhecimento, do poder,
como teoriza Aníbal Quijano. Permanece,
efetivamente arraigada, em cosmovisões
e epistemes coloniais na perspectiva de
Catherine Walsh (2017).
Os movimentos que desvelaram esses
processos de violência institucionalizada
podem ser observados nas perspectivas
da teologia e da filosofia da libertação
latino-americana orientados ao resgate de
visões de mundo fundadas na perspectiva
comunitária. No campo jurídico, configu-
ram-se os “processos de constitucionali-
zação”, segundo Agustin Grijalva Jiménez
(2012), constitucionalização de modos
de ser, conhecer e agir comunitários na
perspectiva de Fernando Huanacuni Ma-
mani (2010) e de constitucionalismo plu-
rinacional a partir dos sistemas de vida do
bem viver (sumak kawsay) de Raul Llasag
Fernández (2018).
Os múltiplos e plurais espaços desvela-
dos, social e juridicamente, constituem
a realidade concreta, portanto, pluriverso
na perspectiva de David Sanchez Rubio,
que recupera o caráter instituinte e liber-
tador dos direitos (2015; 2020). Neste
sentido Antonio Carlos Wolkmer (1994:
195) o reconhecimento constitucional do
pluralismo jurídico implica na multiplici-
dade de práticas jurídicas existentes num
mesmo espaço sócio-político, interagidas
por conitos ou consensos, podendo ser
ou não ociais e tendo sua razão de ser
nas necessidades existenciais, materiais
e culturais.
Assim, é possível pensar que as lutas
pelo reconhecimento de direitos no Novo
Constitucionalismo Latino-americano têm
papel fundamental na Filosofia da Liber-
tação, no Constitucionalismo Democrático
e nas Teorias Críticas do Direito. Segundo
Gerardo Pisarello (2012), Ruben Martínez
Dalmau e Roberto Viciano Pastor (2010)
a participação popular constitui o pilar
fundamental do resgate dos processos
constituintes democráticos e transforma-
dores. As Constituições do Brasil (1988),
Colômbia (1991), Equador (2008) e Bolí-
via (2009), entre outras, integram os ci-
clos constitucionais que Raquel Yrigoyen
Fajardo (2010) chama, respectivamente,
de constitucionalismo multicultural, plu-
ricultural e plurinacional, caracterizados,
respectivamente, pelo reconhecimento
inter-relacionado da diversidade cultural,
pluralismo jurídico e plurinacionalidade.
As ações e reflexões desse novo paradig-
ma jurídico baseado nas visões de mundo
indígenas são guiadas pela perspectiva
concreta e real da vida e sua represen-
tação conceitual e normativa. Do ponto
de vista metodológico, ele dialoga com
a historização e formação de conceitos
(Senent de Frutos, 2013). Aborda-se a

To continue reading

Request your trial

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT