O ensino jurídico

AuthorEduardo Cintra Mattar
PositionGraduado em direito pela Universidade Mackenzie Advogado especialista em Direito do Trabalho

Nos últimos anos, muito se discute acerca da qualidade do ensino jurídico no Brasil. Várias são as conjecturas sobre a falta de qualidade e estrutura das Faculdades de Direito, excesso de cursos, falta de preparo de professores, entre outras questões. As conseqüÍncias são, por exemplo, uma reprovaÁão em massa nos exames de admissão da Ordem dos Advogados do Brasil.

Além de todos os argumentos usados pelos experts, é de suma importância observar os métodos de ensino dos cursos jurídicos hodiernamente, cuja concentraÁão no direito positivo é privilegiada em detrimento de matérias filosóficas, políticas e principiológicas.

Seria interessante voltar um pouco no tempo, e relembrar as antigas características do Curso de Direito, dos alunos e dos docentes. Importa passar pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, USP, onde sob suas arcadas surgiram vários nomes de expressão no cenário nacional, seja político, literário, artístico e jurídico propriamente dito. Ali se formaram Presidentes da República, Governadores, Ministros de Estado, Deputados e Senadores, sem esquecer dos grandes poetas, escritores, artistas e doutrinadores. Impossível citar alguns nomes sem cometer injustiÁas.

Assim como é importante ressaltar a características dos cursos no nordeste, que formaram grandes escritores, poetas e profissionais que valorizam o trato perfeito da língua portuguesa.

Esses expoentes da sociedade, formados no Curso de Direito, passaram os anos aprendendo não só o conteúdo das disciplinas, mas enriquecendo com as experiÍncias de vida dos grandes mestres, que, na época, exploravam as potencialidades políticas, culturais e sociais dos discentes.

O Curso de Direito sempre foi o berÁo dos movimentos sociais, dos grandes acontecimentos políticos, das agitaÁões estudantis, da suavidade romântica dos grandes poetas, notívagos e sonhadores. Mas não é só, até as brincadeiras se transformaram em tradiÁão, como no caso da pendura e da peruada .

Na pendura , os alunos serviam-se nos restaurantes das redondezas, deixando o local sem pagar a conta, não sem antes discursar com brilhantismo, às vezes sobre as mesas, agradecendo em verso e prosa o bom atendimento e com a promessa de retorno no ano seguinte, sempre no dia onze de agosto. O curioso é que os proprietários disputavam a presenÁa dos alunos, posto que era uma honra receber os futuros bacharéis em seus estabelecimentos.

Revolucionários para alguns, subversivos e agitadores para outros, mas também molas...

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